à ilse pollack e à claudia santos
1 com os vidros anos se
desdobram
murmuram-se os jogos e as damas
como um regresso a todas as mesas
onde o vento começa a completar-se
2 havia uma corda no meio da
terra
e todos os bustos do jardim municipal
slataper saba joyce svevo e os outros
ouvindo o que resta do vento do outono
3 quem se eu gritar virá à porta
do castelo trazer-me os papéis de rilke
e asas para que voe até ao rochedo
de dante onde falo com nuvens baixas
4 merda jovem príncipe das
pedras
que as paredes se tornem chamas
aí onde o rasto de rilke é castelo
de cartas e papéis assombrados
5 eis alguns dos rostos de
bronze
sobre cada pedra os seus nomes
numa escrita que a chuva limpa
e o pó em joyce a erva em
slataper
uma gota de água em umberto saba
svevo folhetim no diário popular
aqui não entram os cães
nem o vento
e entre as árvores nada acontece
as alamedas são o esguio giotti
das bicicletas dos
triestinos dos
olhos tristes de quem se afasta
deste outono de apontamentos mortos
josé viale moutinho
hífen 2 abr / set 88
cadernos semestrais de poesia
1988
murmuram-se os jogos e as damas
como um regresso a todas as mesas
onde o vento começa a completar-se
e todos os bustos do jardim municipal
slataper saba joyce svevo e os outros
ouvindo o que resta do vento do outono
do castelo trazer-me os papéis de rilke
e asas para que voe até ao rochedo
de dante onde falo com nuvens baixas
que as paredes se tornem chamas
aí onde o rasto de rilke é castelo
de cartas e papéis assombrados
sobre cada pedra os seus nomes
numa escrita que a chuva limpa
uma gota de água em umberto saba
svevo folhetim no diário popular
e entre as árvores nada acontece
as alamedas são o esguio giotti
olhos tristes de quem se afasta
deste outono de apontamentos mortos
hífen 2 abr / set 88
cadernos semestrais de poesia
1988