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16 novembro 2009
gil t. sousa / quase esplendor
10/
cedo ao quase esplendor
das coisas brevemente eternas.
debruço-me sobre esse tempo estático
e atinjo a compreensão
da morte.
gil t. sousa
falso lugar
2004
13 outubro 2009
13 setembro 2009
gil t. sousa / ainda que…
8/
ainda que nunca mais anoitecesse e no coração de um pensamento (de um pensamento súbito) cantasse um navio de areia
ainda que na corrente nada voltasse, nada soubesse voltar
gil t. sousa
falso lugar
2004
10 agosto 2009
gil t. sousa / o soar da última neve
7/
o soar
da última neve
aos pés
da rainha negra
retratos
são pedaços de abismo
ou restos
de chão firme
já não há mais nada
nem nos livros
nem nas horas
nem nas vozes
está tudo a arder
como se mais nenhuma paisagem
coubesse
na varanda dos meus olhos
gil t. sousa
falso lugar
2004
08 julho 2009
gil t. sousa / tenho pássaros nos olhos
6/
tenho pássaros nos olhos. como se ainda fosse muito cedo.
gil t. sousa
falso lugar
2004
21 junho 2009
gil t. sousa / nenhum deserto
5/
nenhum deserto me incendeia o olhar. nenhuma raiz me amarra o coração. quem recolheu o que em lugares assim deixei?
gil t. sousa
falso lugar
2004
22 abril 2009
gil t. sousa / a tempestade, giorgione
4/
não é o mesmo sem a sombra do teu ombro, nem o vaporetto lá fora me há-de transportar aos mesmos lugares. esperam-me luzes, silêncios e trovões. decifrei-o, enfim. nunca farás parte desse mistério nem da sua revelação.
não é o mesmo sem a sombra do teu ombro, nem o vaporetto lá fora me há-de transportar aos mesmos lugares. esperam-me luzes, silêncios e trovões. decifrei-o, enfim. nunca farás parte desse mistério nem da sua revelação.
gil t. sousa
falso lugar
2004
falso lugar
2004
22 março 2009
gil t. sousa / tudo se pode esconder nos olhos...
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3/
tudo se pode esconder nos olhos mais nus. esta descoberta transforma-te e transforma o mundo em que te moves.
gil t. sousa
falso lugar
2004
.3/
tudo se pode esconder nos olhos mais nus. esta descoberta transforma-te e transforma o mundo em que te moves.
gil t. sousa
falso lugar
2004
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18 março 2009
gil t. sousa / não há grandes poetas
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2/
não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso.
gil t. sousa
falso lugar
2004
não há grandes poetas nem grandes poemas; há palavras que nos agarram no momento certo. só isso.
gil t. sousa
falso lugar
2004
10 setembro 2008
gil t. sousa / falso lugar
1/
solta-te
como se ainda fosses
um peixe a fugir da morte
e houvesse
por entre os dedos da noite
uma escada
de sereno veneno
por onde pudesses
mentir ao medo
e acordar numa hora
possível de dizer sim
um luminoso sim
e as marés
te olhassem nervosas
como se a palavra
ou o segundo
que tudo pode secar
te roesse a mão nua
e esse fosse
o instante da dor
ou o momento
de partir
deixa
que te durmam nos lábios
os velhos tambores
que te queimem os pés
as nuvens gastas
e que um outro lugar
rompa a areia do tempo
e rasgue o coração
como o céu do deserto
um lugar
que fosse como o ventre
dos sinos
e soasse almas sem lama
olhos sem raiva
que poisassem no mundo
sem o cegar
gil t. sousa
falso lugar
2004
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