17 dezembro 2024

rainer maria rilke / os sonetos a orfeu

 



 
I
 
Invisível poema, respirar!
Mundo, espaço e ser vislumbro
Sem cessar em troca pura. O equilibrar
Em que por ritmos me cumpro.
 
Única onda
de que sou mar gradual;
o mais poupado na ronda,
ganho de espaço afinal.
 
Quanto lugar dos espaços
dentro de mim se precisa.
Ventos, filhos nos meus braços.
 
Reconheces-me, ó aragem, tão cheia das minhas lavras?
Tu que foste casca lisa,
Curva e folha das palavras.
 
 
 
rainer maria rilke
elegias de duíno e os sonetos a orfeu
trad. de vasco graça moura
quetzal
2017



Sem comentários: