Eu hoje
sou profundamente aceite na sociedade portuguesa na medida em que sou
profundamente cúmplice dela. cúmplice das pessoas. […] Cúmplice na medida em
que as entendo e faço parte delas. Por um fenómeno de mimetismo, pode-se dizer.
[…] Mais do que pelas ideias ou até do que pelo engenho dos livros. Há uma
enorme quantidade de pessoas que me lêem pouquíssimo – ou que não me lêem de
todo – e, contudo, fazem parte de mim e eu delas. Sem dúvida nenhuma. Quando eu
morrer vou fazer imensa falta, nessa medida. Essa cumplicidade desaparece. E ela
é necessária à vida humana. As pessoas sabem que nada de mal acontece a um povo
em que essa cumplicidade está viva e é permanente…
agustina
bessa-luís
dicionário
imperfeito
guimarães editores
2008
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