21 fevereiro 2020

manuel antónio pina / palavras



Palavras perpetradas em silêncio
na cama, lugar de assassinos.
Escondo-me para morrer. Nenhuma lógica é mais mortal
que esta estúpida perversão, esta morte.

Estúpidos lençóis; escrita de
corpos grosseiros; crimes passionais.
Falta-me uma palavra essencial,
um som perverso para morrer: um sonho.

Contraem-se os músculos na vigília.
Preciso do sono e do movimento dos corpos
para dirigir devidamente o pequeno crime
da tua morte. Agora calo-me um pouco.


manuel antónio pina
rebis
algo parecido com isto, da mesma substância
poesia reunida 1974-1992
afrontamento
1992




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