27 outubro 2018

al berto / salsugem




7
virava todo o meu sentir para o mar
quando no medo dos míticos promontórios
se rasgou a oceânica visão… a ânsia de partir

remotas eram as constelações que consultara
os rostos traziam a brancura queimada das velas
eram palavras segredadas lendas de feras
que os dedos e a matemática já tinham assinalado nos mapas
a vida da selva a flora mole dos pântanos
os costumes tribais dos arquipélagos
a prata das planícies o mistério de caudalosos rios

a tempestade sacudia o granito
da sua imobilidade surgiam estes sinais transparentes
estes animais cuja pelagem de ouro a noite corroeu
e os passos alucinados pelas lajes do porto
ressoavam no medo… medo que o mar o acorde
e descubra que não existe mar nenhum

por fim atacaram-no as febres
as febres da alba com perfume a violeta
as febres que iluminam os sentidos
e alimentam o surdo canto dos loucos e dos búzios


al berto
salsugem
o medo
assírio & alvim
1997








2 comentários:

Porventura escrevo disse...

O meu sentimwbto para com esta escrita é contraditório.
Por um lado acho a genial,so ao alcance das pessoas que conweguen pensar e rwflwtir o abstrato de uma forma criativa, por outro acho a forçada, com a unica intencao de soar bonito.
Mas nao sera isso a poesia?:)

Unknown disse...

Lindo...!
https://www.youtube.com/watch?v=vo7suFmF81o