O sangue é um
líquido complicado
Que circula. É de
um vermelho
Que aliás não se
vê e que muda
Como uma planura
sob várias luas.
O sangue contém
corpos numerosos
Dos quais algumas
pessoas sabem a fórmula.
É o nosso sangue.
É ele
Que anda à volta,
que volta,
Que alimenta.
O sangue derrama-se
facilmente,
Basta-lhe apenas
uma abertura.
O sangue de um
morto por acidente
Não é o mesmo, na
rua,
Que o de um morto
pela liberdade,
Derramado na
mesma rua.
Tem cada qual um
modo particular
De ser vermelho e
de gritar.
guillevic
leçon
de choses, gagner (1949)
vozes
da poesia europeia III
traduções
de david mourão ferreira
colóquio letras
165
fundação calouste
gulbenkian
2003
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