12 abril 2012

tiago nené / a criança de neandertal





uma rua por baixo dos cabelos
onde coloco os pulmões ruivos dos dedos;
com o deus das unhas acedo
ao olhar submarino que deixaste à porta;
a infância tem as persianas p'ra cima,
os teus nervos estão poligâmicos,
e assim proibidos;
e desço com os dedos respirando
o ar dessa rua de colecção,
sem uma única parede embriagada,
ou um amor cubista;
estarias a cem mil anos de mim, criança
de neandertal, inconsciente ao meu
sábado; mas aqui estás tu, dormindo
na minha revista científica, sobre a qual os
pulmões dos meus dedos te escutam
a rua que me aparece nas ruínas
da minha solidão;




tiago nené
relevo móbil num coração de tempo
lua de marfim
2012




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