.
.
35
é preciso dizer
que não há mais nada a celebrar
nem os homens
nem as ideias
nem o tempo
essa fenda
que te atravessava a vida
esse rasgão generoso
que te aproximava os céus
fechou-se
estás perante o escuro silêncio
das coisas mortas
não abandones os espelhos
ainda que quebrados
eles são o palácio derradeiro
o último jardim
a gota impossível
de secar
guarda aí a semente
as palavras
as vozes
as imagens
porque o amor
é um minucioso trabalho do tempo
em direcção à morte
falso lugar
2004
.
.
.
3 comentários:
Um minucioso trabalho que mesmo sendo bem constituído um dia há de perecer.
Gostei muito. beijos doces.
Ah, Gil. Quanto a aprender contigo, com tua poesia, com teu escrever. Obrigado por tudo. E parabéns. Novamente...
Que subtil e terna a tua maneira de escrever.
Enviar um comentário