Ouvi falar de gente civilizada,
os matrimónios temperados por conversas, elegantes e
honestos, racionais. Mas tu e eu somos
selvagens. Tu chegas com um saco,
entregas-mo em silêncio.
Sei logo que é Porco Moo Shu pelo cheiro
e percebo a mensagem: dei-te imenso
prazer ontem à noite. Sentamo-nos
tranquilamente, lado a lado, para comer,
os crepes compridos suspensos a entornar,
o molho fragrante a escorrer,
e de esguelha olhamos um para o outro, sem palavras,
os cantos dos olhos limpos como pontas de lança
pousadas no parapeito para mostrar
que aqui um amigo se senta com um amigo.
sharon olds
satanás diz
trad, margarida vale de gato
antígona
2004
2 comentários:
...e de esguelha olhamos um para o outro, sem palavras,
os cantos dos olhos limpos como pontas de lança...
Que bonito. Que imagem.
Isabel
Que linguagem ...
Perfeito .
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