12 julho 2007

fio de lume







ias num fio de lume

quase água
quase o mar a noite

quase a corrente

os lábios
os teus lábios quase ilha

dentro dela quase o mundo
as linhas

todas as linhas o mapa
quase o segredo
que pintei no coração

um fio de névoa te levava

aranhas doces os teus olhos
asas que me tecias

e gestos quase um sismo
pedras mudas a minha voz
e dançava
quase dançava







gil t. sousa
poemas
2001




3 comentários:

fernanda disse...

Que belo, Gil! Parabéns

Victor L. disse...

Belo, sim.

Anónimo disse...

Faz todo o sentido que a poesia
tenha destas coisas que só se abarcam com um certo olhar; daí
que ela se transcenda como escrita
viva no sentido da tecelagem,
da forja, da olaria... da palavra cinzelada.
(Muito) mais que artista o poeta
é um artesão e é neste meandro que
eu gosto de ler o gil t. sousa.
Saravah amigo.
.
ex-Feel (lembras-te?)