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25 janeiro 2011

violeta c. rangel / porque é tão alto o preço da vida?





O fumo, os cafés, o gajo que te traz de madrugada,
aquele parceiro que escapou, este que vem acordar-te,
as carícias, a coragem, uma manhã com Rimbaud…

Se o que ajuda a viver, o verdadeiro, custa quase nada
porque é tão alto o preço da vida?






violeta c. rangel
tradução de josé colaço barreiros
canal revista de literatura nr.3
verão de 1998
palha de abrantes





29 setembro 2010

violeta c. rangel / pôde ter sido ontem ou há um verão






Pôde ter sido ontem ou há um verão,
numa tarde dessas idiotas
em que andava aos saltos dos comboios
ou bebia rum com esses turistas.

Mas não, fazes questão de vir
precisamente a esta hora,
quando nem chove nem está frio,
e estou triste, e já não tenho
vontade de abrir o meu sangue a ninguém.

Enfim, é precisamente agora,
com a vida de rastos
e uma vontade de morrer
a qualquer preço, que escuto
os teus passos na erva,
e chamas, chamas… deus!,


e corro a abrir-te.






violeta c. rangel
poesia espanhola anos 90
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000






12 junho 2008

tatuagem






Olhas para ele divertida e convidas-te a um copo.
Se a sua história fosse boa,
se tratasse de uns homenzecos sujos,
de drogas ou de hotéis vermelhos como um corno,
de uma morte não explicada
ou de uma vida inexplicável,
a coisa, querido, mudaria.
Mas não. O pacóvio palra e palra de Acapulco,
canta Aznavour com voz de franciscano.
Eu sou, atira-te, gémeos, e tu,
espera querida, espera, tu és touro.

Assim é como o gajo
consegue uma queca lá na tribo dele.

Com isto do amor, digo-lhe por coqueteria,
vai bem o bâton gretado,
os parques remotos, o cigarro sozinha,
as luas amolgadas,
os carros espatifados.

Levanto-me para comprar Gauloises.
Deixo-o com os olhos
afundados no copo
ainda mais turvo que os meus olhos.
Já na rua,
penduro-me de um catalão
E trauteio esta canção de Piquer:
E ele veio num baaarco…







violeta c. rangel
poesia espanhola anos 90
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000