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18 julho 2019

umberto saba / despedida




Vós o sabeis, amigos, e eu o sei.
Também os versos são quais bolas de sabão:
umas sobem, outras não.



umberto saba
«commiato», cose leggere e vaganti (1920)
vozes da poesia europeia III
traduções de david mourão ferreira
colóquio letras 165
fundação calouste gulbenkian
2003









16 setembro 2015

umberto saba / ulisses



Na minha juventude naveguei
ao longo das costas da Dalmácia. À flor das ondas
cobertas de algas, viscosas, belas
como esmeraldas ao sol, emergiam ilhotas,
onde raramente um pássaro pousava
à espreita da presa. Quando a maré
alta e a noite as submergiam, velas
a sotavento guinavam mais ao largo,
para escapar à cilada. Hoje o meu reino
é essa terra de ninguém. O porto
acende as suas luzes para outros; a mim
impele-me ainda para o largo o espírito indomável
e o doloroso amor da vida.




umberto saba
dez poetas italianos contemporâneos em selecção
trad. albano martins
dom quixote
1992




30 junho 2010

umberto saba / trabalho








Outrora
a minha vida era fácil. A terra
dava-me flores frutos abundantes


Hoje arroteio um terreno seco e duro.
A enxada
bate em pedras, em tojos. Tenho de cavar
fundo, como quem busca um tesouro.







umberto saba
dez poetas italianos contemporâneos em selecção
trad. albano martins
dom quixote
1992