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13 abril 2012

josé blanc de portugal / homenagem ao conde drácula ou a lua dos mortos





Velhos estão os dias; cheios
De caras rasgadas ‘inda servidoras…

Transbordam dos olhos, meios-
-Cheios de crescentes, mouras
Luas servidores de brancos altares
A deuses da noite, mortos
Nos dias solares e vivos quando
Sobe nos ares para os seus portos,
Argênteo, o disco de seu astro pertinente
E brilha a palidez escaldante, a luz dormente,
De seus rostos-jaspe de sangue vazios…

Das mortalhas-mantas pendem nastros
Iguais às cores das bocas f´ridas e dos olhos turvos,
Iguais às das bandeiras de seus grandes navios
Estivando a carga, sempre igual,
P´r´o céu dos mortos onde seu planeta
Outras luas vê e outros deuses
A boiarem nas ondas da mareta
Da esteira silente dos adeuses…

Velhos estão os dias; cheios
De caras rasgadas, ‘inda servidoras…





josé blanc de portugal
odes pedestres
o surrealismo na poesia portuguesa
org. de natália correia
frenesi
2002





18 abril 2011

josé blanc de portugal / soneto martelado

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A tarde, e por de mais calma,
Afogou-me o que ficara da partida
Tudo que inventara, essa mentira querida
Que ficara fazendo as vezes da alma.
Passa e segue a triste gente calada
E o correio e a luz quebrada no muro
Trazem a tarde, recortando duro
O perfil triste e morno desta minha estrada.
E choca e vem de mim até ao céu polido
Liso e puro e sempre igual estendido
Sobre mim e a rua desolada,
Uma ilusão que nada tem de alada
E é feita de aço puro e diamantes:
Não querer tornar-me no que era dantes.




josé blanc de portugal
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001

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