I
Palmeiras…!
Então banhavam-te na
água-de-folhas-verdes; e a água era também sol verde; e as criadas da tua mãe,
grandes raparigas luzentes, moviam as pernas quentes perto de ti, que tremias…
(Falo de uma alta condição, dantes,
entre os vestidos, no reino de claridades revoluteantes.)
Palmeiras! e a doçura
de uma velhice de raízes…! A
terra
desejou
então ser mais surda, e o céu mais profundo, onde árvores demasiado grandes,
cansadas de um obscuro desígnio, urdiam um pacto inextricável…
(Tive
este sonho, dentro da estima: uma estadia segura entre os tecidos entusiastas.)
E
as altas
raízes
curvas celebravam
o
pôr-se a caminho das vias prodigiosas, a invenção das abóbadas e das naves,
e
aluz, então, em mais puras proezas fecunda, inaugurava o branco reino para onde
levei, talvez, um corpo sem sombra…
(Falo de uma alta condição,
outrora, entre os homens e as suas filhas, que mastigavam certa folha.)
Os homens tinham então
uma boca mais grave, as mulheres
tinham braços mais lentos;
então, alimentando-se como nós
de raízes, grandes animais taciturnos enobreciam-se;
e mais longas sobre mais sombra
se erguiam as pálpebras…
(Tive este sonho, ele
consumiu-nos sem relíquias.)
saint-john perse
para festejar uma infância
habitarei o meu nome
antologia
tradução de joão moita
assírio & alvim
2016
Sem comentários:
Enviar um comentário