O sol brilha, entrando tão bela e vivamente no meu
quarto. A janela do lado está aberta; na rua, tudo está quieto. É domingo à
tarde. Ouço claramente uma cotovia, lá fora, diante da janela num dos pátios
vizinhos, lançando os seus trinados – lá fora, diante da janela onde vive a
rapariga bonita. Ao longe, de uma rua distante, ouço um homem a apregoar
camarão. O ar está tão quente e, todavia, toda a cidade está como morta. Então,
lembro-me da minha juventude e do meu primeiro amor – nesse tempo, eu suspirava
por; agora, só suspiro pelo meu primeiro suspiro por. Que é a juventude? Um sonho.
Que é o amor? O conteúdo do sonho.
s.
kierkegaard
diapsalmata
trad. de bárbara silva, m. jorge de carvalho,
nuno ferro e sara carvalhais
assírio & alvim
2011
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