Que lindos olhos de azul inocente os do pequenito
do agiota!
Santo Deus, que entroncamento esta vida!
Tive sempre, feliz ou infelizmente, a sensibilidade
humanizada,
E toda a morte me doeu sempre pessoalmente,
Sim, não só pelo mistério de ficar inexpressivo o
orgânico,
Mas de maneira directa, cá do coração.
Como o sol doura as casas dos réprobos!
Poderei odiá-los sem desfazer no sol?
Afinal que coisa a pensar com o sentimento
distraído
Por causa dos olhos de criança de uma criança...
s.d.
fernando pessoa
poesias de álvaro de campos
edições ática
1980
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