Eu disse tudo, mas não no lugar
certo.
Em cera e em metal, por mãos de
gente
e estojos de veludo me deitei
e quantos me tiveram sabem quanto
amei e amo a foice do teu rosto,
os cinco ou mais sentidos que me
dás.
Um sopro humano, a boca, um
coração,
me tocam e alimentam, como antes
águas de chuva no lazer do
pântano
quando o vento passava nos
pinhais;
sou teu igual, não mais, e no meu
corpo
inteiramente novo é que perdura
a liberdade, glória do teu canto.
Desejo meu, em tua sede habito;
meu mestre, escravo, amante, pois
servimos
no mesmo chão o mesmo antigo
lume.
antónio franco alexandre
quatro caprichos
assírio & alvim
1999
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