12 janeiro 2011

albert camus / os desinteressados






Durante milénios o mundo foi semelhante a essas pinturas italianas da Renascença onde, sobre as lajes frias, são torturados homens enquanto outros olham para outro lado na distracção mais perfeita. O número dos «desinteressados» era vertiginoso em comparação com o dos interessados. O que caracterizava a história era a quantidade de pessoas que não se interessavam pela desgraça dos outros. Algumas vezes os desinteressados também se tornavam vítimas. Mas passava-se tudo no meio da distracção geral e uma coisa compensava a outra. Hoje toda a gente faz menção de se interessar. Nas salas do palácio as testemunhas voltam-se de súbito para o flagelado.








albert camus
cadernos III
(caderno nr. 6 1948/1951)
trad. antónio ramos rosa
livros do brasil
1966







2 comentários:

Isabel disse...

Bom dia!

Trabalho na Chiado Editora e gostaria de lhe enviar um e-mail.
Como não o consigo encontrar no blog, é possível ceder-mo?

Cumprimentos,

gs disse...

Olá Marisa,

Pode contactar-me para o e-mail indicado no meu perfil.