01 fevereiro 2009

marin sorescu / o caracol







O caracol tapou bem os olhos
Com cera,
Meteu a cabeça no peito
E olha fixamente
Para dentro.

Em cima dele
A casca —
A sua obra perfeita
Que lhe mete nojo —

À volta da casca
O mundo,
O resto do mundo,
Disposto aqui e além
Segundo certas leis
Que lhe mete nojo —

E no centro deste
Nojo universal
Está ele —
O caracol,
De que sente nojo.









marin sorescu
simetria
tradução colectiva revista, completada e apresentada
por egito gonçalves
poetas em mateus
quetzal
1997








4 comentários:

Anónimo disse...

gosto :)

Rafael Castellar das Neves disse...

Muito bom, muito bom mesmo....gostei deste texto!

Gostei também do blog, muito bacana!!

Abraço,

Rafael

Delírios de Maria disse...

Amei suas poesias!
beijos

EDINALDO ABREU disse...

Fantástico. Adoro Marin Sorescu. O caminho, A roda...