29 agosto 2008
luís nunes / guardanapo
éramos nós
lagos desertos
de cabelos longos
saltando montanhas
quase nascemos
entre cores ruidosas
e paisagens de calendários
de oficinas de carros
em segunda mão
mas deixamos os corpos lá fora
quando nos deitamos na cama
de folhas verdes
tardes vestidas de perfume
que tínhamos desvendado
num olhar
mesmo que duas
crianças no mar
perdidos em castelos
sem pressa de fugir
ao encontro das marés
desafiávamos o sol
e já na vertigem
descíamos ruas
saltando muros
sempre pintados de branco
e nunca me falaste nele
digo isto agora que acordei
para a visão desse guardanapo
que tinha tido o cuidado
de arrumar no fundo de uma gaveta
onde se guardam as coisas
que não devem ser vistas
nem em dias de arrumações
luís nunes
controversosentidos
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3 comentários:
Excelente poema! Mas... como é possível que ninguém tivesse
deixado aqui um único comentário?
(Um autor para eu investigar...)
Belo poema, o estilo contemporâneo e liberto
Eu era um fã desse autor há uns anos atrás, porém parece-me que toda sua obra foi removida da internet, esse é o único vestígio que restou...
Alguém possui outros textos e poemas dele? Procuro especialmente por "Nas mãos que se elevam pelo ar".
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