sopro
eu era o sopro
de um muito antigo grito
sobrava-me a doçura
de uma catedral imperfeita
um silêncio sem luz
morto nas paredes ideadas
tinha torres sineiras
palavras altas
muito para além dos signos
e que entravam nas cidades
pelo seu lado mais escuro
até se tornarem leis
tu não sabes
mas eu era a sombra
que dedilha os vitrais
a invisível música
das nascentes de pedra
eu era a torrente
que alaga o sonho
dos sábios
a rocha de sangue
com que se tecem
os caprichos
dos reis
gil t. sousa
"poemas"
2001
1 comentário:
muy belo
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