14 janeiro 2007

al berto



ofício de amar




já não necessito de ti
tenho a companhia nocturna dos animais e a peste
tenho o grão doente das cidades erguidas no princípio doutras galáxias, e
o remorso


um dia pressenti a música estelar das pedras, abandonei-me ao silêncio
é lentíssimo este amor progredindo com o bater do coração
não, não preciso mais de mim
possuo a doença dos espaços incomensuráveis
e os secretos poços dos nómadas


ascendo ao conhecimento pleno do meu deserto
deixei de estar disponível, perdoa-me
se cultivo regularmente a saudade de meu próprio corpo







al berto
o medo
assírio & alvim
1997







1 comentário:

nelsonpferreira disse...

Muito bom. Terei de ler mais Al Berto. Obrigado pelo post.