OS AMANTES COM DINHEIRO
Tinham o portão fechado a quem passava.
Tinham salas com brasões
e aquecimento central na mansão.
Tinham jardins onde a lua repousava
nos estofos da limousine
e um banqueiro rico por irmão.
*
Tinham como todos da espécie
o milagre da multiplicação do Euro
engordando nas contas;
e olhos de cifrão
onde ardiam
as megalomanias mais pomposas.
*
Tinham fartura e gula como os abades,
e silêncio
à roda dos seus chás,
mas a cada telefonema que faziam
um ministro caía
e deslumbrados penetravam nos lobbys.
tiago alexandre belejo correia
(poema/homenagem a Eugénio de Andrade, enviado pelo Tiago no dia da morte do poeta)
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