10 agosto 2025

irene lisboa / penso que se não vive do que passou

  
 
PENSO que se não vive do que passou. Amámos criaturas que hoje nos repelem. Como refazer um tempo liquidado, irrevertível, em que as idades e os caracteres eram outros? Não. Cada tempo se bastou e a si próprio se consumiu; os seus resíduos não têm aparência, vitalidade nem calor. Resignemo-nos ao presente, constante, absorvente, tenha que carácter tiver.
 
 
irene lisboa
1949 a 1957
solidão II
portugália editora
1966




 

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