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15 novembro 2025

ulla hahn / de corpo inteiro

  
 
Da fossa dos teus anos te tirei do lameiro
e mergulhei-te nas águas do meu verão
lambi-te as mãos cabelo corpo inteiro
jurei ser minha e tua até mais não.
 
Tu deste-me a volta. Gravaste a fogo brando
a tua marca na minha pele fina.
Renunciei a mim. E eis senão quando
me começo a afastar da minha sina
 
e de mim própria. A princípio ainda a recordação
um belo resto chamando por mim.
Mas nessa altura estava já dentro de ti
de mim escondida. Bem me escondeste então.
 
Perdi-me toda em ti, de mim nem cheiro:
e então cuspiste-me de corpo inteiro.
 
 
 
ulla hahn
trad. joão barrento
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990
 




03 março 2020

ulla hahn / inquietante



Macio o dia surgiu
subitamente. De manhã saí
de casa farejei nada
no ar. Tu tinhas-te
esfumado nos raios de sol
reverberava a sete cores o teu pó
poisou em mim e como
ele me penetrou como nunca
antes o meu amante. Nessa manhã
fazíamos
um par inquietantemente belo.



ulla hahn
trad. joão barrento
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990