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06 fevereiro 2021

nicolás arnedo marañon / amargura

 
 
Há dias em que qualquer um
deitaria fogo a uma floresta
para ver arder nela
a raiz da sua tristeza.
Dias em que qualquer um participaria
de uma guerra com a condição de merecer
a explicação da sua derrota. Dias
em que a estupidez
é uma vingança astuta,
enteada do ressentimento para consigo mesmo.
Dias em que compreendes
que é demasiado tarde
para esquivar do olho de um revólver
tanta amargura a sós.
 
 
 
nicolás arnedo marañon
(espanha, 1950-1991)
o meu livro de cabeceira é um revólver
dezassete suicidas
trad. jorge melícias
língua morta
2020