que a vida é um curvo
caminho que termina em qualquer parte.
E por sabê-lo costumava ver
os dias e as coisas
como num lento adeus definitivo.
Amava com a dócil
nostalgia daquele que já nada possui
e parece nu, solitário.
os já apagados rostos,
as ruas soalheiras
onde ardeu a sua vida,
aquele estranho amor ensimesmado
pelas serenas árvores.
foi amando desde criança
queria decifrá-lo
agora que o seu olhar sem recordações
partia como ar do crepúsculo,
agora que o seu sorriso descansava
no último encontro.
os obscuros fogos (1971)
obra poética (1966-1996)
tertúlia
1998