Talvez nunca
saibamos reconhecer no calor do bronze
o gesto que
as fez crescer entre oliveiras e puros vinhedos
na sombra do
vale onde elas ainda dizem o pulsar da água
e a
necessidade do movimento a luz amedrontada de um entardecer
admiro aqui
pequeninas coisas em companhia dessas mulheres
coisas
sensíveis como as migalhas de pão na mesa azul
como os
rostos amados da serenidade do cair do dia
os que na
certa vêm sem que os vejamos chegar
fiz-me
árvore e sinceridade do alento para os tocar de leve
vi-me
estendido próximo da carícia da mão
para me
lembrar acabada a obra da rocha que as havia de guardar
e que seria
de certo a única imagem enganadora da pele delas
olharei a
ternura do horizonte com a queimadura dos seus olhos
joan-ives casanòva
poemas
tradução de
rosa alice branco
encontros de
talábriga