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24 julho 2021

jenny mastoráki / a alegria da maternidade

 
 
À noite faço trabalhos perigosos.
Ato cordéis compridos
de janela para janela
e penduro jornais clandestinos.
Que queres, a poesia já não dá.
Já outros disseram tudo, dizem.
E depois, há já muitas que cantam
a alegria da maternidade.
A minha filha nasceu
como todos os bebés.
Ao que parece
vai deitar fortes pernas
para correr rápida nas manifestações.
 
 
 
jenny mastoráki
a grécia de que falas…
antologia de poetas gregos modernos
trad. manuel resende
língua morta
2021
 




30 agosto 2012

jenny mastoráki / o rio


  


O poema omnipotente,
como rio mítico,
barbudo,
de cartucheira à bandoleira,
vem pela rua abaixo a buzinar
enfadando as amantes.
E o poeta
por que te apaixonaste aos dezoito
já não existe,
pois existir quer dizer
tenho casa na rua kypséli
vá visitar-me no fim-de-semana
ou apresento-lhe a minha esposa.
Há uns tipos, em altos estrados,
a fazerem truques com lenços coloridos,
como outrora os charlatães
que vinham de carroça
e te tiraram o dente são
por dois taleres.




jenny mastoráki
grécia (n. 1949),
to soi, kedros, 1978.
tradução de manuel resende