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18 agosto 2021

jean-claude barbé / falsa partida

 
 
Morria. Julgava morrer debaixo duma estrela
A minha vida enxotava-me às guarda-chuvadas
Vivia na espera de um dia muito raro
Vi o meu sangue correr e perder-se
Nos degraus duma escadaria sonora
Rumo à porta de comunicação com o mar
As vagas sombrias borbulhavam no limiar
Os cães farejavam a trovoada através da bruma
E estava eu já morto há muito quando o relâmpago
Despertava as paredes adormecidas a pedra usada
As casas sem memória e os poços cuja água chora
Contudo o sol ia alto no firmamento
Parecido a uma flor em breve iluminaria a minha morada
Sobreviveria ao pior e o meu coração consertado
Imporia o seu ritmo à eclosão do mundo.
 
 
 
jean-claude barbé
sonhador definitivo e perpétua insónia
uma antologia de poemas
surrealistas escritos em língua francesa
trad. regina guimarães
contracapa
2021