Mostrar mensagens com a etiqueta inger christensen. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta inger christensen. Mostrar todas as mensagens

23 fevereiro 2024

inger christensen / alfabeto

 




 

7
 
as guerras existem, as ruas, o esquecimento
 
e a erva e os pepinos e as cabras e o tojo,
o entusiasmo existe, as guerras existem;
 
os galhos existem, o vento que as levanta
existe e o desenho único dos galhos
 
da árvore chamada carvalho existe,
da árvore chamada freixo, bétula,
o cedro existe, o desenho repetido
 
existe, no saibro do caminho do jardim; existe
também o pranto, e o epilóbio e a Artemisa existem,
os reféns, os gansos, as crias dos gansos;
 
e as armas existem, um enigmático logradouro,
selvagem, ermo e decorado apenas com groselhas,
as armas existem; no meio do iluminado
gueto químico existem as armas
com a sua antiquada e pacífica precisão existem
 
as armas, e as mulheres lamentando, saciadas
como corujas gananciosas; a cena do crime existe;
a cena do crime, sonolento, normal e abstracto,
banhando numa luz caiada, abandonada,
este poema venenoso, branco, que se desintegra
 
 
 
inger christensen
alfabeto
trad. ricardo marques
não (edições)
2024
 



12 dezembro 2011

inger christensen / se estou





se estou
sozinha na neve
é óbvio
que sou um relógio

de outro modo como poderia
a eternidade deslizar





inger christensen
trad. josé alberto oliveira
rosa do mundo
2001 poemas para o futuro
assírio & alvim
2001