Pois eu naufrago em um mar de labaredas
que lambem o sangue e a flor da pele acendem
quando o rubor me vem à tona d’água.
quando a ferida dói porque se sente,
e o mover dos meus olhos sob a casca
vê muito vem o que devia não ver.
Mas como posso andar, Amor, com as gentes,
se teus braços de ausência é que me estreitam?
no mesmo exacto e mensurado espaço,
em solidão tão larga eu já não caibo.
colóquio letras nr. 90
março 1986
fundação calouste gulbenkian
1986