Onde colheu Amor o ouro, e de que veio,
para tecer tais tranças assim louras?
E de que espinho as rosas? E as ondas
de que praia as torou pra suas veias?
Onde pérolas tais em que vicejam
doces palavras, puras, peregrinas?
Onde tanta beleza, e tão divina,
dessa fronte que ao céu provoca inveja?
De que arcanjos provém, e de que esfera,
seu celeste cantar que me consome
o que, não consumido, já é pouco?
E de que sol nasceu a luz eterna
dos olhos seus, que paz e guerra movem,
calcinando-me o peito em gelo e fogo?
«Onde tolse Amor l’oro, et di qual vena…»
francesco petrarca
vozes da poesia europeia – II
traduções de david mourão-ferreira
colóquio letras número 164
maio - agosto 2003
fundação calouste gulbenkian
para tecer tais tranças assim louras?
E de que espinho as rosas? E as ondas
de que praia as torou pra suas veias?
doces palavras, puras, peregrinas?
Onde tanta beleza, e tão divina,
dessa fronte que ao céu provoca inveja?
seu celeste cantar que me consome
o que, não consumido, já é pouco?
dos olhos seus, que paz e guerra movem,
calcinando-me o peito em gelo e fogo?
vozes da poesia europeia – II
traduções de david mourão-ferreira
colóquio letras número 164
maio - agosto 2003
fundação calouste gulbenkian