Atar-se aos segredos dos dias gémeos
não é tarefa fácil para o meu pobre amigo.
Vem às vezes ver-me,
para partir o silêncio de uma lenta agonia
que na memória guarda.
Atar-se tantos nós não servia
para nada.
Di-lo com os olhos afundados na chuva
e assim nasce a sua sombra
no céu quebrado que esconde o abandono.
ana merino
poesia espanhola, anos 90
trad. joaquim manuel magalhães
relógio d´água
2000