02 fevereiro 2010
sarah kane / 4:48 psicose
"Estou triste
Sinto que não há esperança no futuro e que as coisas não podem melhorar
Estou farta e insatisfeita com tudo
Sou um fracasso completo como pessoa
Sou culpada, estou a ser castigada
Gostava de me matar
Sabia chorar mas agora estou para além das lágrimas
Perdi o interesse nas outras pessoas
Não consigo tomar decisões
Não consigo comer
Não consigo dormir
Não consigo pensar
Não consigo ultrapassar a minha solidão, o meu medo, o meu desgosto
Sou gorda
Não consigo escrever
Não consigo amar
O meu irmão a morrer, o meu amante a morrer, estou a matá-los aos dois
Invisto na direcção da minha morte
Estou aterrorizada com a medicação
Não consigo fazer amor
Não consigo foder
Não consigo estar sozinha
Não consigo estar com os outros
As minhas ancas são grandes de mais
Não gosto dos meus órgãos genitais
Às 4:48
quando o desespero me visitar
enforco-me
ao som da respiração do meu amante."
sarah kane
teatro completo
trad. pedro marques
campo das letras
2001
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3 comentários:
Primeiramente feliz 2010!
Não consigo imaginar como é viver uma situação dessas. A angústia, o medo e a perda dos sentidos. É como se ficasse preso dentro de uma bolhar sem ar, sem cheiro, sem cor. Uma poesia psicótica de forma a chocar. Um sentimento obscuro. Um vazio sem fim.
Não direi que a poesia seja linda, mas que provoca sensações fortes e angustiantes.
Beijos doces.
Lembro de ler num jornal
anos atrás que vinha
para São Paulo uma peça dela,
e eu me interessei pela descrição.
Não fui, mas é como se eu a visse
a partir dessas palavras aqui.
É barra pesada e tão bonito!
Sylvia Plath + Samuel Beckett?
Estou no comecinho do "Molloy",
e me lembrou alguma coisa.
Que acham?
Participo de um blog também,
que se chama POENOCINE.
Convido a todos para passarem lá:
http://poenocine.blogspot.com/
Aquele abraço.
UAU!!!!!!
Poesia intensa e desesperadora!!!! E tvz so pela poesia q se consegue fazer perceber uma intensidade e desespero semelhantes!!!
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