09 março 2009

vergílio ferreira / há um limite para se ser profundo






124 - Há um limite para se ser profundo. Há um limite para se ser subtil. Há um limite para se ser bom observador. Nós temos de nos mover num mundo de limites para a viabilidade de se ser. O limite da profundeza é a escuridão. O da observação é o do microscópio electrónico. Mas tudo no homem é assim. Para lá de certos limites é a confusão, a gratuidade, a loucura. Assim o grande amor se reconhece na morte ou o excesso da razão na confusão ou sofisma ou absurdo ou impensável ou gratuito. Todo o excessivo no homem é desumano ou degenerescência ou vazio. Mas que há de grande no homem senão o excesso de si? E é decerto aí que mora Deus. Ou mais para lá.








vergílio ferreira
escrever
edição de helder godinho
bertrand editora
2001





3 comentários:

José Leite disse...

A fonte de Parnaso com todo o esplendor!

bonecadetrapos disse...

"Mas que há de grande no homem senão o excesso de si? E é decerto aí que mora Deus. Ou mais para lá."


Por certo será!...

Saudações
*__bonecadetrapos__*

lupuscanissignatus disse...

ilimitado

e

inimitável