16 abril 2007
papeis selvagens
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De súbito, surgiram as ovelhas.
Num instante, num de baixar de olhos.
Por toda a paisagem e pela encosta do monte.
Eram cor de rosa, celeste. Sépia ou cor de platina;
as outras, brancas, negras.
Embora, por momentos, as coisas parecessem ao contrário.
Pensei que sonhava.
O que via num papel, desenhos em forma de ovelhas.
Mas não; era verdade.
Na paisagem.
E ao fechar os olhos aparecia a seguir, no ecrã negro,
um rosto rectangular, oval, e o corpo gordo, multiplicado,
sabiamente.
Pareciam ter acorrido à concentração,
convocatória, sem espanto, com alguma tristeza.
Não podia ir embora, por onde iria!
Não podia chamá-las, porque já aqui estavam.
Não podia afugentá-las, porque eram imóveis.
Não podia esquecê-las, porque não me esqueço.
Não podia aceitá-las, porque havia qualquer coisa
que não estava bem.
Eu tou entre a espada e a parede,
e isto é um pedido de ajuda.
marosa di giorgio
poemas
tradução de rosa alice branco
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2 comentários:
(Tudo ali se inscrevia no seu reverso, e ali ficava, nessa melancólica sonolência)
eu estou bem.
dentro da boca
laminada.
empare.dada.
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