16 dezembro 2025

carlos poças falcão / olhar cada coisa

  
 
Olhar cada coisa, sondar-lhe as naturezas
abissais. É um trabalho de metamorfoses
com o tempo a tombar pelos eixos da matéria
no seu modo oculto, a sua crepitação
elementar. Haver sinais despercebidos
nesse tombo interior que tudo desarruma,
as pequenas unhas que desgastam, as áridas
luzes sem sentido. E as bifurcações, as ondas
propagadas como numa lavra, uma química
lustral. Ver os objectos nessa despedida
por si dentro, a maneira imóvel de caírem
arrastando as manchas, as sombras, as palavras.
 
 
 
carlos poças falcão
três ritos
arte nenhuma
poesia 1987-2012
opera omnia
2012




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