um brilho de pena que me dói
molhada, escorrida, plena
doçura de praia serena
um ainda que se foi.
um perto de pavor em que me movo
rica, lúcida, límpida
certeza loira de trigo
na dúvida fatal que te persigo.
um longe de aventura que me segue
escassa, pálida, breve
ternura que a tarde escreve
um sempre que nada dura.
espelho cego (1957)
antologia da novíssima poesia portuguesa
m. alberta menéres e e. m. de mello e castro
moraes editora
1971