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09 junho 2022

nuno / naqueles tempos

 
 
Naqueles tempos,
quando a rapaziada fumava menos,
quando eu ainda linguarejava o aroma flórido
do português amarelo           [O Verso é fundamentalmente silêncio.]
eu era feliz. E não sabia.               [Era essa a melhor parte.]
Capitalizava os versos
ao meu fatalismo romântico.
 
Ao hábil ritual do sono pagava os meus dias,
porque para a tristeza e para o tédio
nunca foi preciso vocação.
 
 
 
nuno
livro de visitas
díptico
ed. do autor
2019




11 julho 2020

nuno / habituário



Tanta publicidade se fez ao nosso amor
para morrer incógnito, sem um
rectângulo no lado esquerdo dum jornal.

Com os anos, a morte torna-se um hábito.


nuno
livro de visitas
díptico
ed. do autor
2019











18 fevereiro 2020

nuno / par coeur



                                                             O homem pode o seu coração
                                                                                   Manuel de Castro


Anda comigo,
vamos ver paisagens caran d´ache,
– dizias.

Arrefecias no chão
um coração incandescente
em anamnese lacónica
de nós

Anda comigo,
tenho ainda escuridão para ti,
– dizia.


nuno
livro de visitas
díptico
ed. do autor
2019





17 setembro 2019

nuno / blue monday



Chegarás enfim numa tarde
azul. Dir-me-ás que estou velho,
na minha funcionalidade sufocante
de quem viu apenas o caminho como ele pode ser.
Dir-me-ás para beber menos,
que outros, outros, os outros.

Muitos ficaram na sociopatia normal dos cafés
de onde me escrevias nos guardanapos
que sempre esquecias, embalavas, que nem
sempre existiram,
por entre todos os homens que beijaste.

Dir-me-ás ______________
E devolver-me-ás os livros, as respostas
e as palavras que deixei nos teus cabelos,
porque nunca sequer bastou escrever
o mais sublime poema de amor.

Sabíamos desde o início que nada ficaria, e
ainda assim:
                      - não se pode recusar nunca o sofrimento.




nuno
livro de visitas
díptico
ed. do autor
2019