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O silêncio não é explicável. Não só porque se furta aos princípios de articulação da
linguagem, mas também porque ele é, em si e quando irrompe e se demarca do som,
uma realidade e uma experiência auto-suficiente e autónoma. Qualquer tentativa
de explicação da experiência (não do fenómeno!) do silêncio seria uma
contradição. O silêncio propicia, em última análise, o acesso a uma «fala» do
mundo e das coisas na sua radicalidade ontológica, sem explicações. É a pura presença.
joão
barrento
breviário do
silêncio
alambique
2021