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30 outubro 2020

angeles dalúa / sinais de fumo

 
 
Sempre acreditei no que nunca tive.
Um dia deixei de crer
para olhar os olhos da morte
mas a morte não tinha olhos.
Náufrago como eu sobre um enigma
nasceste do amor
entre a tortura e uma estrela.
De ilha a ilha o nosso fogo
troca sinais de fumo e abismos
com a frágil ternura
do sol sobre a neve.
A sós com a areia
a nossa sede infinita
sem esperança espera
as mensagens de amor
que nos trazem nas asas
as pombas suicidas.
 
 
 
angeles dalúa
trad. amadeu baptista
hífen 9 setembro
cadernos semestrais de poesia
poesia hispânica
1995