Procuro
como um requinte o ângulo na beleza. Que nenhum dos livros empilhados saia da
esquadria. Concebo assim uma arquitectura sensorial para o que tenta ser torre
no acanhado espaço onde resido. Uma pilha de livros é um templo onde venero um
deus indelével, informulado, hermeticamente fechado. Abrir um deles constitui
um esforço sagrado que pode afectar todo o edifício. Às vezes, deslocando
cuidadosamente os livros através da pilha, procuro casar determinado título com
outro, para ver que consequências essa união mágica produz. Outras, é da
colisão entre dois autores que, através da fermentação da sombra, espero
conseguir um álcool celeste.
alain morin
trad. luís miguel nava
hífen 5 março
cadernos semestrais de poesia
tradução
1990