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Era uma vez um país de coveiros. Apertados uns contra os outros abriam
as respectivas covas dos inimigos, correspondendo fielmente à sua mútua
inimizade. As pás subiam e desciam brilhantes, aéreas, rítmicas, e a terra era atirada
de uma cova para a outra, numa chuvada feericamente pesada. Nesse país todos
estavam enlouquecidos pelo desejo de retribuir a retribuição. Tinham muito
sangue português.
ana hatherly
463 tisanas
quimera
2006
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