18 outubro 2011

filinto elísio / soneto






Nasci – logo a meus pais custou dinheiro
o baptismo, que Deus nos dá de graça.
Tive uso de razão – Perdi a graça –
dei-me ao rol chegou a páscoa – dei dinheiro.

Quis casar com uma moça – mais dinheiro.
Brinquei com ela – não brinquei de graça:
Que aos nove meses me custou a graça
Para o Mergulhador capa e dinheiro.

Morreu minha mulher – não achei graça
e menos graça no arbitral dinheiro
da oferta; que o prior não vai de graça.

Se o ser sacristão requer sempre dinheiro,
como cumprem com dar graças de graça
o que as graças nos vendem por dinheiro?






filinto elísio
lisboa 1734-1819






2 comentários:

Amélia disse...

Esse poema consta do 1º disco - trazidos às escondidas de Paris antes do 25 de abril - de Luís Cília.Abraço

Amélia disse...

...só que a letra é um pouco diferente