chegar tarde
cheguei sempre tarde e sempre a horas
quando o fogo das noites brancas se sentava nos bancos
abandonados dos negros jardins
e os suspiros das andorinhas morriam nos ninhos de lama
cheguei tarde à soleira da porta para a dimensão do impossível
e cheguei cedo à montanha onde Maomé foi buscar o poder
de a arrasar
estendi planícies ao alvorecer porque era a hora de acordar
com um gesto improvável atirei as sementes da harmonia
que cresceram em declives cascalhantes
e secaram sobre os corpos etéreos dos pensamentos transparentes
chegarei cedo ao túnel iluminado em cujo término me espero
no colo imenso que me estende os braços e me pousa
na sua mão direita
m.f.s.
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