a manhã cheia de freiras que passam
e as terríveis seringas,
as árvores rapaces, as falsas cataratas brilhando com aranhas,
as vinhas do silêncio.
Vejo as mesmas montanhas surdas, com as suas bocas cobertas de neve,
e movo um pouco os meus dedos; ainda assim,
preciso de ajuda.
Às vezes há apenas uma montanha, meso por cima das nossas cabeças.
Ao meio-dia começa a chover. Os cavalos escondem-se entre as rochas,
e o mar idiota lá está.
De vez em quando preciso de ajuda.
Oito doenças à noite
enquanto o escorpião se agarra ao tecto.
Para nós: arame farpado, bocas abertas, sangue seco,
as cabeças peludas das tarântulas
e o constante olho cego
do tempo, congelado no ar.
pelos caminhos da montanha.
Temos de gritar sem tréguas –
aquele que pára está perdido.
poemas
trad. josé agostinho baptista
assírio & alvim
2008
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