Não é sem razão que os animais aparecem no
Presépio, no século XIII, quando a sociedade agrária começa a sair da sua
incerteza e a medir a sua aversão pelo perigo. O animal doméstico é posto a
para da religiosidade, como indicador do comando da incerteza humana. Os Presépios
com a vaca e o burro são apresentados no rito natalício franciscano e
significam exactamente a prosperidade ideal, o homem num abrigo de terra batida
com os seus animais, escapados à fome e às inundações que assolaram a Europa na
primeira metade do século XIV. A festa do Presépio foi instituída por São
Francisco, em Greggio, três anos antes da sua morte. Fez preparar uma
manjedoura e trazer feno para ela; junto colocou uma vaca e um burro, e disse a
Missa sobre a dita manjedoura. Foi um cavaleiro, justo e piedoso, quem contou
ter visto uma criança maravilhosa que dormia no presépio. Portanto, a intenção
de São Francisco não foi a de celebrar o Nascimento, mas sim a de realizar um
pacto sagrado com os factores de segurança para o homem agrário, tão aterrado
pelas condições climáticas que assolaram a Europa desde os Pirenéus às estepes
russas.
agustina
bessa-luís
dicionário
imperfeito
guimarães editores
2008
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