No espelho o olhar desaparece às vezes desalojado no meu próprio corpo às vezes angustiado pela angústia que rola para lá e para cá como destroços na rebentação raspo com um dedo o vidro e ouço o mundo gritar. pia tafdrup ponto de focagem do oceano trad. colectiva mateus, junho 2002 quetzal 2004
atravessa-a onde a luz é mais forte não feches lá fora o mundo nem a mim cá dentro
mostra-me
que o sol no céu é o sonho em mim própria a realidade ardente quando me mordes e me fazes sentir que não há diferença entre lado de fora e lado de dentro entre dor e carícia pedra e palavra porosa às tuas investidas sou aquela que se abre em desejo de existir no mundo em todo o lado e ao mesmo tempo dá-me o que tens de tudo não exijo mais nada.
pia tafdrup
ponto de focagem do oceano trad. colectiva mateus, junho 2002 quetzal 2004 . . .